29 de jul. de 2013

CAVITAÇÃO CORRETA X TEORIAS DO BLA BLA BLA



Realmente, o título é estranho, mas o que está justificando isso é que, novamente, algumas pessoas ligadas a estética, estão tentando usar uma antiga técnica de “dourar a pílula” para vender uma idéia boa e efetiva como se fosse um “milagre” ou uma “novidade exclusiva”.
Então, vamos rever alguns pontos:

1 ) Quem produz cavitação?
A cavitação é produzida pelo equipamento Ultra-som, independente da frequência (falaremos mais adiante das diferenças) que se trabalhe ou, principalmente, se o equipamento tem mais de 10 anos de uso ou não – o que importa é se o equipamento produz ondas sonoras baseadas no chamado efeito piezoelétrico, onde um cristal se dilata e contrai, emitindo essas ondas que entrarão em contato com as diferentes células de nosso organismo, e cada uma reagirá de uma forma diferente1.




2 ) E o que é cavitação?
Cavitação é um efeito não térmico produzido pelas ondas acústicas geradas pelo ultra-som provocando a formação de bolhas ou cavidades micrométricas nos líquidos que contem gás1. Essas bolhas produzidas, em geral, dependerão da frequência de trabalho, da potencia e do modo de aplicação do transdutor, o que as tornará instáveis (ou de colapso) ou estáveis (transiente).
A cavitação estável trabalha com transdutores em movimento, potencias baixas ou médias e com frequência de 0,5Mhz a 3MHz, por serem mais estudadas e terem seus parâmetros mais confiáveis em relação a profundidade, absorção por tecidos, reflexão, etc. As microbolhas formadas vão coalescer (se fundindo em uma maior) e por não terem uma pressão muito intensa (causada pela potencia do ultra-som ou pelo transdutor “parado”) elas vao se dissipar no meio líquido sem causar danos estruturais.1,2
Já a cavitação instável gerará bolhas muito grandes que, principalmente, localizadas dentro do citoplasma celular, levará a ruptura da membrana das células destruindo-as e gerando ainda radicais livres10, sendo um efeito de colapso, que quando controlado adequadamente, é utilizado em aplicações odontológicas, médicas como litotripsia renal entre outras.3,4


3 ) E qual ultra-som produz cavitação?
Todo equipamento devidamente registrado e seguindo os preceitos das normas técnicas vigentes e exigidas pela ANVISA produz a cavitação, não existe um equipamento especial para isso, porem as diferenças em termos de frequência podem levar a melhor, mais segura e efetiva aplicação.


4 ) E qual seria a melhor frequência para mobilizar a gordura?
Miwa e colaboradores5 demonstraram em seu estudo que, para uma mesma potencia e metodologia, usando um ultra-som com 0,5MHz e um outro com 1MHz de frequência, houve uma significante diminuição em ambos os casos, com uma diminuição mais acentuada no grupo tratado com 1Mhz. Em ambos os casos não houve diminuição de peso corpóreo, apenas de medidas.
Em nossa aplicação prática temos tido resultados semelhantes, principalmente, não acompanhados de diminuição de peso corpóreo, porem com perdas de medidas até mais efetivas após seis aplicações semanais usando-se a técnica de cavitação instável (transdutor “parado” por 5 segundos em potencia elevada com desligamento automático).

5 ) Sempre foi contra indicado a aplicação do transdutor parado, porque mudou?
Para que a cavitação instável (mais “destruidora”) seja mais eficaz, temos que permanecer com o transdutor imóvel, porem como trabalhamos com potencias elevadas e o efeito de destruição celular pode ser além do desejado, para trabalharmos com segurança na cavitação instável, devemos:
a) selecionar frequências confiáveis, ou seja, preferencialmente as de 1Mhz e 3Mhz, que possuem inúmeros estudos científicos confiáveis1,9, onde temos os efeitos de absorção para cada camada do tecido bem definidos e sua penetração muito conhecida. Frequências muito baixas, apesar de terem estudos reconhecendo que sua cavitação instável seja mais ampla, em geral sua aplicação é mais industrial que médica, pois em termos de penetração e efeitos fisiológicos ainda permanecem desconhecidos e com muitos relatados de danos teciduais, queimaduras de até segundo grau e morte;
b) Determinar um tempo curto de aplicação (a Skiner optou por 5 segundos) com intervalo de resfriamento do transdutor de 10 segundos, podendo ser reaplicado na mesma sessão até 5 vezes no mesmo ponto, sem que haja qualquer comprometimento negativo;
c) O ajuste de potencia deve ser o maior tolerado na referencia do paciente, pois JAMAIS devemos exceder o limite de tolerância do paciente, que serve como um sinal de alerta para evitarmos danos teciduais; e,
d) As aplicações devem ser uma por semana ou até por quinzena, para que haja tempo por parte do tecido de regeneração e eliminação de radicais livres.
6 ) Há relatos de que o Ultra-som de baixa frequência estimula ação das citocinas?
Em verdade, todos os equipamentos de ultra-som alteram as citocinas, os fatores de reparo lesional, não sendo uma exclusividade das baixas frequências. Alias, Young1 já demonstrava isso, inclusive fazendo uma diferenciação quanto aos fatores estimulados, mas não excluindo nenhumas das frequências de ultra-som desse papel.

7 ) Qual o tempo médio de aplicação de cavitação instável?
Fica muito difícil estabelecer um tempo de aplicação sem que haja uma avaliação criteriosa da paciente e do seu grau de acometimento. Um tempo médio seria de 5 minutos em uma área com 6 vezes do tamanho do transdutor, num tempo máximo total de 30 minutos em várias áreas. Mas, tenha sempre em mente que cada caso clínico terá um enfoque diferenciado, podendo estes tempos serem aumentados ou diminuídos para que se obtenha um resultado muito bom.
8 ) Há necessidade de pinçar o tecido na cavitação instável?
Não se você estiver usando as frequências confiáveis de 1Mhz e 3Mhz, pois já é conhecida sua penetração e absorção tecidual8. Os equipamentos de cavitação que preconizam isso, o fazem por não terem conhecimento sobre os danos que poderão ser feitos em estruturas mais profundas, pois como frequências baixas têm penetração muito alta, há relatos de que em aplicação abdominal sem fazer o pinçamento com esses cavitadores de baixa frequências, os pacientes relatam desconforto na região lombar, ou seja, esta sendo irradiado uma região que não tem, muitas da vezes, nada a ver com o tratamento proposto.

9 ) Certos cavitadores causam “zumbido” no ouvido, o que seria isso?
Isso é a confirmação de que a frequência desse equipamento trabalha próximo a 20KHz, que é uma frequência captada pelo ouvido humano. Acima desse valor de frequência, não há zumbidos perceptíveis, pois são frequências não audíveis pelo ouvido humano.7

10 ) Qual a melhor forma de aplicação da cavitação para hidrolipoclasia?
Hidrolipoclasia (quebra da célula gordurosa com infusão liquida tecidual) será ampliada com a cavitação instável, que é feita através da infusão de soro fisiológico no tecido subcutâneo (alguns profissionais preferem adicionar lipolíticos, a nosso ver desnecessário), aumentando a propagação das ondas acústicas e com isso intensificando o efeito da cavitação instável.

11 ) Cavitação instável pode ser usada com mesoterapia?
Não, pode haver alterações indesejáveis nos produtos infundidos no tecido, bem como perda da concentração dos mesmos.

Portanto, se você tem um ultra-som e desejar fazer uma aplicação de cavitação instável, saiba que isso é possível e efetivamente positivo clinicamente você fazer uso dele, e se precisar de informações a esse respeito, colocamos o Departamento Técnico da Skiner a seu dispor, bem como para maiores informações de como fazer uma cavitação correta.

Dr. JOÃO CARLOS E SILVA
Diretor Técnico da Skiner Indústria e Comercio Ltda.
Biomédico especialista em Biofisica, médico especialização em Dermatologia e Geriatria, Mestre pela UNICAMP-FCM em Gerontologia.

Bibliografia
1 – Kitchen S e Bazin S. Eletroterapia de Clayton. In “Capitulo 15 – Terapia por ultra-som” Young S. 10ª. Ed, Barueri. P 235-260
2 - Leong T, Ashokkumar M, Kentish S. The fundamentals of power ultrasound – a review. 2011. Acoustics Australia; 54(39), no. 2
3 –Suslick K S et al. Acoustic cavitation and its chemical consequences. 1999. Phil. Trans. H. Soc. Lond.;357:335-353.
4 – Baker KC, Robertson VJ, Duck FA. A Review of therapeutic ultrasound: biophisical effects. 2001. Physical therapy;81(7):1351-1358.
5 – Miwa H et al. Effect of ultrasound application on fat mobilization. 2002.Pathophysiology;9:13-19.
6 – Brown S et al. Characterization of nonthermal focused ultrasound for noninvasive selective fat cell disruption (lysis): technical and preclinical assessment. 2009.PRSJ;july:92-101.
7 - Martin, R Electroterapia em Fisioterapia. 2ª. Ed. Panamericana, Buenos Aires.2004 p 515-551
8 – Starkey C. Recursos terapêuticos em fisioterapia.in “Capítulo 6 – Ultra-som”. 2a. ed., Manole,Barueri. 2005. P 277-308.
9 – Ahmadi F, McLoughlin I V, Chauchan S, ter-Haaar G. Bio-effects and safety of low-intensity, low-frequency ultrasonic exposure. Progress in Biophysics and molecular biology.2012. 108:119-138

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